Mulher de líder do Comando Vermelho, condenada pela Justiça, participa de reuniões no Ministério da Justiça
Reportagem publicada pelo Estadão nesta segunda-feira (13) mostrou que Luciene Barbosa Farias, esposa de Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas do Comando Vermelho, esteve em reuniões com secretários do Ministério da Justiça, em Brasília. Luciane é conhecida como a Dama do Tráfico Amazonense.
Ela participou de duas reuniões na sede da pasta como presidente da Associação Instituto Liberdade do Amazonas. Segundo a Polícia Civil do estado, a ONG atua em prol dos presos ligados ao Comando Vermelho, sendo financiada com recursos do tráfico.
Os eventos teriam acontecido nos dias 19 de março e 2 de maio. No primeiro, ela encontrou Elias Vaz, secretário nacional de Assuntos Legislativos. No segundo, encontrou Rafael Velasco Brandini, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais.
Pelas redes sociais, ela afirma ter apresentado um dossiê sobe "denúncias de revistas vexatórias" e "violações de direitos fundamentais e humanos" no sistema prisional amazonense.
Ela esteve acompanhada da advogada Camila Guimarães de Lima e da amiga Janira Rocha, ex-deputada estadual pelo PSOL - esta última condenada em 2021 por suspeita de rechadinha e integrante da defesa da ex-deputada federal Flordelis.
Acusações
Luciane e o marido foram condenados em dezembro do ano passado por lavagem de dinheiro, associação para o tráfico e organização criminosa. Clemilson cumpre pena de 31 anos no presídio de Tefé, no Amazonas, e Luciane foi sentenciada a 10 anos, mas recorre em liberdade.
De acordo com o Ministério Público, Luciane era braço financeiro da operação do marido e "Exercia papel fundamental também na ocultação de valores oriundos do narcotráfico, adquirindo veículos de luxo, imóveis e registrando 'empresas laranjas'".
O que diz o Ministério da Justiça
O Ministério da Justiça admitiu ao Estadão que Luciane foi recebida por secretários, mas ressaltou que ela integrava uma comitiva de advogados.
"A cidadã não foi a requerente da audiência, e sim uma entidade de advogados. A presença de acompanhantes é de responsabilidade exclusiva da entidade requerente e das advogadas que se apresentaram como suas dirigentes", diz nota da pasta.
"Sobre atuação do Setor de Inteligência, era impossível a detecção prévia da situação de uma acompanhante, uma vez que a solicitante da audiência era uma entidades de advogados, e não a cidadã mencionada no pedido de nota", completa o ministério.
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