Pandemia aumentou desigualdade socioeconômica, diz estudo da Ceplan

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O primeiro estudo de âmbito regional sobre os impactos do coronavírus no Nordeste foi apresentado nesta terça (15), em conferência virtual, pela Ceplan Consultoria. De acordo com análise do grupo de economistas, a desigualdade no país aumentou, enquanto o Nordeste foi uma das regiões mais afetadas. 
O aumento das desigualdades socioeconômicas ficou evidente ao se analisar os números da Pnad Contínua. A taxa de subutilização – soma dos desocupados, desalentados, não desalentados e subocupados – cresceu para ambos os sexos, porém as mulheres são mais subutilizadas do que os homens tanto no Brasil (24,9% x 34%) quanto no Nordeste (37,6% x 45,9%). Quando a análise foca a escolaridade, as taxas de subutilização também foram ampliadas no último trimestre e se mostraram mais altas nos grupos com menos anos de estudo. O crescimento da subutilização também alcançou pessoas de todas as cores e raças, mas predominou entre os pretos e pardos, chegando a 43,9% no Nordeste, entre abril e junho deste ano, enquanto para as pessoas brancas o índice chegou a 34,9%.
Já o maior impacto da pandemia no Nordeste pode ser observado pelos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Segundo o levantamento, o país teve um saldo negativo entre contratações e demissões de -1.547 milhão de empregos formais de janeiro a julho deste ano. Do total, 16,9% foi registrado no Nordeste, percentual superior à participação da economia da região na economia brasileira (14,5%). Dos nove estados do Nordeste, apenas o Maranhão registrou saldo positivo entre demissões e admissões de janeiro a julho, com saldo de 2.327 empregados formais. Pernambuco liderou o saldo negativo regional com 63.101 demissões.
Em relação a Taxa de Participação da Força de Trabalho (TPFT), que mede a proporção de pessoas ocupadas ou à procura por trabalho em relação à população ativa, apenas estados do Nordeste apresentaram taxa de participação da força de trabalho inferior a 50% no segundo trimestre de 2020. Os rendimentos dos nordestinos também tiveram perdas acima dos brasileiros. No país, na comparação entre o primeiro semestre de 2020 com o mesmo período de 2019, a queda foi de -1,5%, e de -3,9% no Nordeste.  
Para os economistas Jorge Jatobá e Tânia Bacelar, a retomada será lenta e gradual, porém apontam três importantes ativos que Pernambuco possui para ajudar nesse retorno: o Porto Digital, pois é um elemento importante para apoiar as mudanças associadas à transição para a era digital; o polo logístico constituído pelo porto de Suape, geolocalização e investimentos empresariais na área que facilitam a nova dinâmica do comércio; e o polo educacional, que pode apoiar os investimentos necessário em captação humana.
Fonte - Folha/PE

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