Cada brasileiro consome, em média, 154 litros de água por dia, segundo o Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento, do Ministério das Cidades. Pode parecer pouco, mas a ONU garante que gastamos, todos os dias, 34 litros a mais que os 110 necessários.
Esse consumo é o que aparece todos os meses na conta de água que chega à nossa casa. Mas tem uma forma indireta de consumir água, que nem sempre nos damos conta. É a chamada pegada hídrica. Quem explica é o analista do programa de Ciências e Iniciativa de Águas da ONG WWF, Bernardo Caldas Oliveira.
Sonora: “É uma metodologia desenvolvida por diversas instituições e ela dá um pulo para uma avaliação do nosso consumo indireto. O quanto de água precisamos pra ter nosso telefone, nosso computador. Ela é uma ferramenta que traz informações sobre nossa demanda, nossa pegada por água.”
Os números da pegada hídrica do Brasil impressionam. Temos a sétima economia do mundo, mas a pegada hídrica de cada um de nós passa de 2 milhões de litros de água por ano. Na China, a maior economia do planeta, a pegada hídrica é praticamente a metade: cada pessoa responde por pouco mais de 1 milhão de litros de água por ano.
Bernardo Oliveira explica o que é levado em consideração para calcular a pegada hídrica.
Sonora: “Além de considerar a água necessária para a produção, também considera o quanto de água a gente vai precisar para diluir a poluição gerada para produzir aquele produto.”
A organização internacional Water Footprint, que, em tradução livre, significa Pegada Hídrica da Água, calcula que uma xícara de café consome 132 litros de água, desde a produção, até a decomposição na natureza. Uma camisa de algodão representa 2.500 litros de água, e um quilo de azeitonas, mais de três mil litros. Uma calça jeans consome quase 11 mil litros de água, e um carro, mais de 400 mil litros.
Isso não significa que precisamos abrir mão desses produtos, mesmo porque não seria viável. Mas o professor da Universidade de Brasília Henrique Leite Chaves, aponta que o consumo consciente é o caminho para reduzir a nossa pegada hídrica.
Sonora: “Um consumo consciente desses produtos pode vir a reduzir o consumo de água, por exemplo, naquele município, naquela bacia, naquele país.”
Priscila Freire Rocha é especialista em meio ambiente na Fiesp, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. De acordo com o monitoramento feito nos últimos 13 anos, a pesquisadora afirma que alguns setores conseguiram reduzir consideravelmente o consumo de água, a partir de técnicas que reaproveitam os recursos hídricos.
Ela destaca a indústria de transformação, que usa matérias-primas naturais para produzir utensílios usados no dia a dia.
Sonora: “A indústria de transformação tem demonstrado fortemente esse trabalho no reúso interno e mesmo no melhor tratamento da água para ter efluente zero. Ele capta a água, capta já uma quantidade menor. Ela utiliza a água da chuva, utiliza o resíduo líquido gerado na indústria, de forma que nem efluente ela gera.”
Priscila Rocha acrescenta que desperdiçar água é uma prática do passado.
Sonora: “O acesso às melhores tecnologias tem sido um norteador e um fator primordial para que a gente consiga ter um processo mais eficiente. Além disso, a consideração da água como algo estratégico, isso fez diferença ao longo dos anos. É o futuro.”
A preocupação da sociedade e do setor produtivo em reduzir a pegada hídrica não é à toa. De acordo com a organização não governamental (ONG) Water Footprint, todos os anos, quatro em cada dez pessoas no mundo passam pelo menos um mês sem água.
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