Se a vizinha não estivesse no banheiro do apartamento ao lado, se o síndico não tivesse esmurrado a porta, se a mãe não tivesse atendido o telefone, se o irmão não tivesse arrombado o apartamento, se o hospital fosse mais longe, se a faca não fosse lisa… Foram circunstâncias assim que levaram Maria (nome fictício) à vida. Uns chamam sorte; outros, milagre. Ninguém esperaria resultado diferente que não a morte. Nem ela própria, segundo relatou certa vez. Não soube nunca de onde veio a força. Mas lembrou-se de ter ouvido um sopro, a voz de Deus: “Arraste-se até o banheiro”.
Ele tinha ido à cozinha pegar a segunda panela de água quente, parte do arsenal que preparou para não só matar a mulher, mas deixá-la desfigurada, irreconhecível. Seriam poucos instantes de trégua, depois de uma hora de desespero. Os pés e as mãos estavam amarrados com fios de eletrodomésticos. Os olhos perfurados, um deles sete vezes; o outro, nove. Pulmões e costas esfaqueados. Rosto e braço queimados. Ainda assim, ela se arrastou até o banheiro, ficou de pé, trancou a porta, chegou ao box, gritou pelo basculante um pedido de socorro, ditou os números de telefone da família e disse que o marido estava tentando matá-la. Depois disso, desmaiou.
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