Consumo de álcool no Brasil é 40% maior que a média mundial

O ano é 2015. Na sala azul com chão de cerâmica cinza e vários quadros de avisos na parede, pisca uma luz com os dizeres: “Só por hoje, evite o primeiro gole”. Uma elegante senhora loira chama os novatos a se apresentarem. Os relatos que se seguem são histórias dramáticas que mostram a trajetória de pessoas que perderam tudo – emprego, dinheiro, família e dignidade – para a dependência do álcool. Afora os coordenadores, há 26 pessoas na sala, cinco são mulheres.

Meio século atrás, em 1965, nas bancas de jornal a revista O Cruzeiro chamava a atenção dos leitores para uma reportagem sobre causas e efeitos do alcoolismo, considerado, à época, “o mais corrosivo veneno ‘atual’ do corpo e da alma e “o maior problema enfrentado pela psiquiatria” na medicina.

De lá pra cá, o que mudou? Embora não haja números que possibilitem a comparação do consumo de álcool no país no período, em 1965 a doença não atingia “índices alarmantes de outros países”, mas crescia de forma preocupante no Brasil. Hoje, a situação é outra e o país passou a consumir mais álcool que a média mundial. É o que mostra o último Relatório Global sobre Álcool e Saúde, da Organização Mundial de Saúde (OMS), publicado em maio de 2014.


Segundo o estudo, estima-se que no mundo indivíduos com 15 anos ou mais consumiram cerca de 6,2 litros de álcool puro em 2010, o equivalente a 13,5g por dia. No Brasil, porém, o consumo total estimado equivale a 8,7 litros por pessoa, 40% maior do que a média mundial. A OMS diz ainda que, em 2003, o consumo no Brasil era bem maior – 9,8 litros por pessoa.

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