Um projeto para recuperar
áreas degradadas da caatinga e inventariar todas as espécies nativas num raio
de seis milhões de hectares está em curso no Sertão de Pernambuco. Os modelos
de reflorestamento estão sendo testados nos eixos de captação Norte (Cabrobó) e
Leste (Floresta) do Projeto de Integração do Rio São Francisco pelo Núcleo de
Ecologia e Monitoramento Ambiental da Universidade Federal do Vale do São
Francisco (Nema/Univasf). A iniciativa, bancada pelo Ministério da Integração
Nacional, é uma das exigências do Ibama para mitigar os impactos da obra sobre
o único bioma exclusivamente brasileiro.
“É muito complicado recuperar a caatinga porque há escassez de água e alguns
animais, como o bode, se alimentam das plantas nativas, mesmo em áreas
cercadas”, explica o doutor em ecologia e coordenador do Nema, Renato Garcia.
Pela irregularidade do regime de chuvas, os técnicos do Nema optaram por
plantar as espécies em torno de reservatórios de 200 a 500 m², construídos pelo
projeto com a finalidade de manter as plantas umedecidas no período de
estiagem, aumentando as chances de sobrevivência.
Os técnicos desistiram de
plantar em linhas, como é mais comum, porque os testes demonstraram que 85% das
espécies não resistiram e morreram em dois anos. No modelo em experiência desde
dezembro de 2014, as áreas de plantio são protegidas por cercas verdes de
cactáceas como xique-xique e macambira para manter os animais distantes das espécies
cultivadas entre a cerca e o reservatório. “Estamos fazendo consórcios de
plantas nativas para ser replicados em várias áreas”, adianta Renato Garcia. “O
projeto de recuperação da caatinga tem que ser barato e simples pois a área de
aplicação é muito extensa.”
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