Polícia indicia cinco vereadores de Caruaru por corrupção e organização criminosa


Os vereadores de Caruaru Evandro Silva (PMDB), Val de Cachoeira Seca (DEM) e Neto (PMN) foram indiciados pela Polícia Civil como líderes de uma organização criminosa que teria como objetivo extorquir dinheiro do prefeito do município, José Queiroz (PDT). O delegado Erick Lessa, responsável pela Operação Ponto Final 2, que investigou um esquema de corrupção na Câmara de Vereadores, apresentou a conclusão do inquérito nesta sexta-feira (14). Segundo a investigação, os vereadores iriam instalar uma comissão parlamentar de inquérito, batizada de CPI da CGU (Controladoria Geral da União), para investigar repasses de recursos do governo federal. Também foram indiciados Val das Rendeiras e Pastor Jadiel Nascimento, ambos do Pros, que teriam recebido R$ 30 mil cada um, para assinar o requerimento pedindo a instalação da comissão.

A investigação foi iniciada no mês de setembro e teve como base uma declaração do vereador Ranilson Enfermeiro (PTB), com uma reportagem publicada em um blog de Caruaru. O trabalhista teria dito que lhe foi oferecido dinheiro para assinar o requerimento pedindo a instalação da CPI. Segundo o delegado Erick Lessa, a partir desse fato, houve a comprovação de provas, que culminou com o indiciamento dos investigados.



O vereador Pastor Jadiel afirmou que o dinheiro recebido era referente a um empréstimo. O delegado rechaçou essa informação e disse que os recursos foram pagos para que o vereador votasse a favor da CPI. "Concluímos que eles efetivamente praticaram os crimes e se tratava de uma organização criminosa. Quando existe um empréstimo, alguém vai pagar e, quando se falava em pagar esse valor, ele diz que não iria pagar, então não tinha empréstimo nenhum”, explicou.

De acordo com o inquérito, uma afirmação do Pastor Jadiel também teria sido essencial para a polícia. Segundo o texto apresentado, o vereador revela como o dinheiro iria voltar para Neto, Evandro e Val de Cachoeira Seca, que segundo a Polícia, ratearam o pagamento de R$ 60 mil. “...Quando essa CPI  for instalada, o prefeito vai chamar eles e os meninos é que vão conversar com o prefeito e o acordo que eles chegarem, eles descontam o dinheiro que eles irão emprestar...(sic)”, disse sobre um possível acerto com o Executivo, após a votação da CPI.

Após a apresentação da conclusão do inquérito, os advogados de defesa dos vereadores fizeram uma análise das declarações do delegado Erick Lessa e afirmaram que há fragilidade nos argumentos apresentados pela Polícia Civil. Segundo o advogado Marcelo Cumaru, não houve provas para mostrar o pagamento de dinheiro a nenhum vereador. Ele questionou o indiciamento do vereador Evandro Silva. “Foi dito que dois vereadores teriam pagado o valor de R$ 60 mil e três foram indiciados, mas não existe nada que comprove relação com Evandro Silva. Ele está sendo indiciado por ser autor do requerimento, como pode isso? É uma série de fatores, que mesmo sem analisar o inquérito, já podemos perceber fragilidades”, pontuou.

A entrevista do vereador Ranilson Enfermeiro, que segundo a polícia foi o ponto de partida para as investigação, também foi questionada pelo advogado. “Usaram a reportagem de um blog da cidade, que revela a fala dele na sessão. No entanto, na mesma sessão, o vereador usou a tribuna e disse ter sido mal interpretado, por qual motivo não levaram isso em consideração?”, indagou.

O inquérito foi encaminhado para o Ministério Público, que vai ter o prazo de 15 dias para analisar se oferece denúncia contra os cinco vereadores. Caso sejam condenados os cinco podem pegar até 29 anos de prisão. Eles já respondem na Vara da Fazenda um processo de improbidade administrativa.

Fonte - Mário Flávio Lima, especial para o Diario de Pernambuco

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