Todos
têm conhecimento por meio dos meios de comunicação que moradores de rua existem
no mundo todo, porém bem mais presente nos países pobres e em desenvolvimento.
No Brasil parece ter se transformado numa catástrofe. Está vigente em todas as
cidades e regiões do país.
Assim
como as drogas, as causas que levam pessoas a preferirem as ruas a conviver num
lar são diversas; mas a solução se funda nos seus efeitos. De comum só a
predominância de problemas mentais na maioria dos moradores, seja no momento de
optar por viver nas ruas ou em decorrência de uma realidade cruel.
Essas
pessoas são desprovidas de razão para viver. Com o passar do tempo deixa de
cuidar até da higiene pessoal. Vivem muito sujas, desvinculadas dos familiares
e numa solidão profunda. Isso é a regra, exceções devem existir, mas de difícil
percepção. Dentro de uma normalidade ninguém trocaria um cobertor quente e
cheiroso pelo frio enrolado num “molambo”, não permitiria a troca da proteção paterna por um risco
iminente de abandono e solidão das ruas, mas quando se opta pelas ruas é porque
já falta grande parte ou tudo isso.
Ainda
que alguns sustentem por puro ego, o morador de rua foi desamparado em grande
parte da vida e escolheu as drogas como válvula de escape. No início, vendeu
com soberba e arrogância a ideia de ser imune aos efeitos e que pararia quando
quisesse. Nesse momento, a família fica em segundo plano por ser careta, e os
verdadeiros amigos também. Prevalecem os amigos da droga, seus futuros
companheiros de rua, para quem escapou do cemitério antes. Sobra a revolta, a
culpada é a família que não o compreendeu, todos aqueles que foram ironizados
passam a ser responsáveis pela sua desgraça e a rua é o que sobra.
Não
se chega às ruas sem se ter passado por um longo caminho de equívocos, cujo
responsável principal é do próprio indivíduo. Esses erros pessoais não retiram
do Estado a obrigação precípua de protegê-los e da sociedade de ajudar nesse
processo.
São
recorrentes ações paliativas, a começar pelos órgãos de Assistência Social dos
governos estaduais e municipais que distribuem marmitas, roupas e agasalhos.
Essas pessoas precisam bem mais do que bens materiais. É preciso reconhecer que
a maioria esmagadora sofre de distúrbios mentais. Elas precisam de atendimento
médico. Faz-se necessário a criação de políticas públicas para sanar o problema
ou ao menos diminuir substancialmente os moradores. Uma iniciativa a ser
testada seria a internação compulsória para tratamento psiquiátrico ou
psicológico, semelhante à internação dos viciados em droga, em que fatalmente chega
quem vive nas ruas.
Por
ideologia pura, muitos são contra a intervenção estatal sob o argumento
respeitável do risco de se retirar a liberdade, a única coisa boa que ainda
lhes resta. Além de ainda estarem expostos a sofrerem arbitrariedades e maus
tratos.
Mas
aí é ir longe demais, pois os ambientes precisam ser saudáveis e adequados ao
tratamento de recuperação, com profissionais altamente capacitados em suas
especialidades e escolhidos a dedo. Jamais se defenderia apenas a criação de
mais instituições para jogar dinheiro do contribuinte no lixo, ou para
funcionar apenas como propaganda eleitoral do governo de plantão.
Antes
de qualquer internação, seria preciso uma avaliação médica para atestar que
aquelas pessoas não são mais capazes de ressocialização por si. Por isso, após
a recuperação seria necessário ações afirmativas para reinserção ao mercado de
trabalho. Essa análise deve ocorrer independente da vontade do morador de rua.
Em sã consciência, ninguém mora na rua por livre escolha.
Pedro
Cardoso da Costa – Interlagos/SP
Bacharel em direito
FUMANTE, NÃO JOGUE BITUCA NO CHÃO. A RUA É DE TODOS.
Conheça a diferença entre internação compulsória e involuntária.
ResponderExcluirhttp://blog.viversemdroga.com.br/conheca-a-diferenca-entre-internacao-compulsoria-e-involuntaria/