Dólar fecha o primeiro semestre do ano com a maior alta desde 2002.

O Banco Central bem que tentou, mas não conseguiu conter a forte alta do dólar, que já contamina a inflação e destrói o bolso dos consumidores. Produtos como eletroeletrônicos, que têm insumos importados, pães, biscoitos, massas, passagens aéreas, tudo está mais caro. Somente ontem, a moeda norte-americana registrou valorização de 1,63%, cotada a R$ 2,232 para venda. No acumulado do primeiro semestre, a divisa dos Estados Unidos subiu 9,1%, a maior arrancada para o período desde 2002, quando houve uma fuga maciça de recursos do país, diante da desconfiança do que seria um governo comandado pelo PT.

Desta vez, o principal motivo para a alta do dólar é a decisão do Federal Reserve (Fed), o banco central do EUA, de retirar estímulos dados à maior economia do planeta. Com isso, as taxas de juros dos títulos do governo norte-americano subiram, atraindo parte dos recursos que estavam circulando pelos mercados emergentes. O Brasil sentiu o baque maior, na avaliação do economista Sílvio Campos Neto, da Consultoria Tendências, porque não fez o dever de casa. Além de maquiar as contas públicas, foi leniente no combate à inflação e, em vez de incentivar o crescimento por meio dos investimentos produtivos, insistiu na política equivocada de incremento do consumo.

Nas contas do diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, pelo menos 6% da alta do dólar podem ser repassados à inflação em um período de 12 meses. Ou seja, mantida a valorização da moeda norte-americana do primeiro semestre até o fim do ano, de 9,1%, o impacto sobre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) será de 0,55 ponto percentual. O BC alega, no entanto, que ainda é impossível medir o real tamanho do repasse da dívida dos EUA para o custo do vida, uma vez que as cotações estão oscilando muito. Os próprios agentes econômicos se sentem inseguros em refazer as tabelas de preços, temendo perder vendas.

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