Um regime democrático, por mais estreito que seja, presume a
existência de dois pólos distintos para que funcione de forma correta e
digna: governo e oposição. A tese não é minha. Grandes pensadores e
filósofos da política - desde a Grécia Antiga - defendem a existência de
um bloco adversário ao da situação como única maneira de sustentar um
debate político eficaz, que ainda é o melhor termômetro para medir o
nível de democracia de um sistema.
Oposição e governo formam uma via de mão dupla. Afinal, além de serem, ambos, escolhidos pelo voto popular - um por aceitação e outro, por rejeição - a equação correta determina que nem o governo pode ter poder absoluto, nem a oposição pode prescindir de alguma autoridade.
No Recife, porém, a regra está prestes a ser quebrada. Cada dia mais inchada, a Frente Popular vem abocanhando todos os segmentos partidários, deixando praticamente sem terreno a já combalida oposição. É evidente que no Brasil, a ideologia há muito deixou de ser pré-requisito para se construir uma aliança eleitoral. Mas presume-se que alguns segmentos adversários sejam algo semelhante a água e óleo. Imiscíveis.
O retorno do PMDB ao berço que abandonou há mais de duas décadas para se tornar o principal adversário do PSB deixa a oposição ainda mais fragilizada no Estado. Basicamente restrita ao DEM, outrora aliado dos peemedebistas. E triste do eleitor que acreditar que a reaproximação PSB/PMDB teria se dado em nome do "bem comum" ou movida pelos "interesses do Estado".
Depois de assistir a mais de vinte anos de embates políticos e pessoais elevados à máxima potência entre socialistas e peemedebistas, fica claro que o caminho da volta independe de "perdão" de parte à parte, e que "interesses comuns" são argumentos que estão bem abaixo da linha do horizonte. O reatamento dos entre eduardistas e jarbistas visa, acima de tudo, atender interesses políticos e pessoais dos blocos liderados pelo governador Eduardo Campos (PSB) e pelo senador Jarbas Vasconcelos (PMDB).
Da mesma forma como, um dia, PMDB e PFL surpreenderam muita gente no Estado ao se aliarem na chamada União por Pernambuco - maquiando seu real objetivo de busca pelo poder com um discurso desenvolvimentista para o Estado - o retorno dos jarbistas ao palanque de onde saíram após o racha com Miguel Arraes - tomando o "caminho da perdição", como assinalou o ex-governador - implica em uma admissão de derrota. Atropelado pelo rolo-compressor do PSB governista, restou ao PMDB unir-se ao inimigo para garantir a sobrevivência do partido e dos seus já escassos representantes no poder.
Os socialistas, por sua vez, estenderam o tapete vermelho aos antigos adversários pensando na estratégia política que tem como única peça motriz o projeto nacional do governador. Embalado por índices exponenciais de popularidade, Eduardo Campos não esconde que sonha com o Palácio do Planalto - seja em 2014 ou 2018. E ajuda muito ter ao seu lado Jarbas Vasconcelos e seu grupo, os chamados "rebeldes" do PMDB nacional, opositores da aliança do partido com o PT de Lula e Dilma Rousseff.
Com o apoio do senador e ex-desafeto, o governador abre um importante canal de diálogo nas articulações do seu projeto. E nesse aspecto, a eleição municipal de 2012 no Recife será um importante um campo de provas. Ela vai servir para aferir se os interesses de ambos os lados é realmente sólido, e não escorregará no "lodo" da intolerância que se formou sobre esses pilares políticos ao longo de duas conturbadas décadas.
*As colunas assinadas não refletem, necessariamente, a opinião do NE10
Oposição e governo formam uma via de mão dupla. Afinal, além de serem, ambos, escolhidos pelo voto popular - um por aceitação e outro, por rejeição - a equação correta determina que nem o governo pode ter poder absoluto, nem a oposição pode prescindir de alguma autoridade.
No Recife, porém, a regra está prestes a ser quebrada. Cada dia mais inchada, a Frente Popular vem abocanhando todos os segmentos partidários, deixando praticamente sem terreno a já combalida oposição. É evidente que no Brasil, a ideologia há muito deixou de ser pré-requisito para se construir uma aliança eleitoral. Mas presume-se que alguns segmentos adversários sejam algo semelhante a água e óleo. Imiscíveis.
O retorno do PMDB ao berço que abandonou há mais de duas décadas para se tornar o principal adversário do PSB deixa a oposição ainda mais fragilizada no Estado. Basicamente restrita ao DEM, outrora aliado dos peemedebistas. E triste do eleitor que acreditar que a reaproximação PSB/PMDB teria se dado em nome do "bem comum" ou movida pelos "interesses do Estado".
Depois de assistir a mais de vinte anos de embates políticos e pessoais elevados à máxima potência entre socialistas e peemedebistas, fica claro que o caminho da volta independe de "perdão" de parte à parte, e que "interesses comuns" são argumentos que estão bem abaixo da linha do horizonte. O reatamento dos entre eduardistas e jarbistas visa, acima de tudo, atender interesses políticos e pessoais dos blocos liderados pelo governador Eduardo Campos (PSB) e pelo senador Jarbas Vasconcelos (PMDB).
Da mesma forma como, um dia, PMDB e PFL surpreenderam muita gente no Estado ao se aliarem na chamada União por Pernambuco - maquiando seu real objetivo de busca pelo poder com um discurso desenvolvimentista para o Estado - o retorno dos jarbistas ao palanque de onde saíram após o racha com Miguel Arraes - tomando o "caminho da perdição", como assinalou o ex-governador - implica em uma admissão de derrota. Atropelado pelo rolo-compressor do PSB governista, restou ao PMDB unir-se ao inimigo para garantir a sobrevivência do partido e dos seus já escassos representantes no poder.
Os socialistas, por sua vez, estenderam o tapete vermelho aos antigos adversários pensando na estratégia política que tem como única peça motriz o projeto nacional do governador. Embalado por índices exponenciais de popularidade, Eduardo Campos não esconde que sonha com o Palácio do Planalto - seja em 2014 ou 2018. E ajuda muito ter ao seu lado Jarbas Vasconcelos e seu grupo, os chamados "rebeldes" do PMDB nacional, opositores da aliança do partido com o PT de Lula e Dilma Rousseff.
Com o apoio do senador e ex-desafeto, o governador abre um importante canal de diálogo nas articulações do seu projeto. E nesse aspecto, a eleição municipal de 2012 no Recife será um importante um campo de provas. Ela vai servir para aferir se os interesses de ambos os lados é realmente sólido, e não escorregará no "lodo" da intolerância que se formou sobre esses pilares políticos ao longo de duas conturbadas décadas.
*As colunas assinadas não refletem, necessariamente, a opinião do NE10
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