"Glória Braga, superintendente do Ecad".
Segundo os deputados, os documentos e depoimentos colhidos pela CPI 'revelam, à exaustão, que a Assembleia Geral do Ecad transformou-se em uma confraria de lesa cultura, cujas decisões, tomadas sem critérios e sem transparência, eliminam o elemento negocial na fixação de preços pela utilização dos direitos autorais'.
Serão indiciados Glória Braga, superintendente do Ecad, e os diretores de sete associações de direitos autorais que compõem o Ecad, como Roberto Mello (Abramus), José Antônio Perdomo Corrêa (diretor da UBC) e Denis Lobo (presidente da SBACEM).
'Dirigir o ECAD se tornou um negócio rentoso', disseram os deputados. 'A entidade criou três modalidades de Plano de Participação nos Resultados (PPR), que beneficiam sobretudo os gerentes. O Ecad é uma associação civil que, em tese, não deveria dar lucros (nem, por óbvio, distribui-los a seus diretores). O uso abusivo dos PPRs drenam, especialmente para a gerência, recursos que deveriam ser destinados aos titulares de direitos autorais. Até em ano em que o ECAD apresenta déficit financeiro há distribuição de PPR'.
Cartel. Segundo os deputados, a atual Lei de Direitos Autorais (Lei nº 9610-98) apenas deu ao Ecad o monopólio sobre a arrecadação e a distribuição. 'A fixação de preços pelas músicas, por exemplo, bem como o custo da taxa de administração de cada entidade, deveriam ser estabelecido livremente, por cada entidade'.
O relatório fala em 'confraria do Ecad', que 'seria elogiável se não prejudicasse os titulares de direitos autorais e os usuários de músicas'.
'A gestão coletiva no Brasil negligencia o fato de que os direitos autorais são bens imateriais, negociável no mercado. Ainda que guarde especificidades, os direitos autorais submetem-se às leis de defesa da concorrência e de proteção ao consumidor', disseram os deputados.
Eles também dizem que, no início, o Ecad foi uma 'grande conquista' que 'depois se degenerou'. O relatório associa a atuação do Ecad e as associações que o compõem a um cartel. 'Voltado para seu próprio umbigo - e para os interesses de seus controladores e dirigentes - o Ecad transmudou-se em cartel, pernicioso para a ordem econômica brasileira, e muito distante do que reivindica a classe artística, protagonizando toda sorte de desvios e ilícitos', diz o relatório.
'Há, portanto, prática de infração da ordem econômica perpetrada pelo ECAD e pelas associações credenciadas, de forma a caracterizar violação aos arts. 20 e 21 da Lei de defesa da concorrência (Lei nº 8.884/94)', analisam os deputados.
Para a CPI, há a necessidade de uma 'profunda reforma no sistema de gestão coletiva de direitos autorais'. Os deputados também querem que o Ecad fique subordinado ao Ministério da Justiça.
Os deputados propuseram cinco eixos para orientar as mudanças na área: transparência (para deixar claras as obrigações das entidades de gestão coletiva), eficiência (técnica e econômica), modernização (associações serão reorganizadas e reestruturadas), regulação (do Ministério da Justiça) e fiscalização (com a obrigação de prestar contas ao governo).
A CPI também pede que o Ministério Público do Rio de Janeiro investigue a diretoria do Ecad e que o governo federal trate a 'dimensão dos direitos autorais' como 'estratégica para a política cultural, nos planos plurianuais, projetos e ações', além de dar prioridade na aprovação da Reforma da Lei de Direitos Autorais. Há também um projeto de lei para estabelecer uma regulação para a gestão coletiva de direitos autorais.
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