Manchetes dos principais jornais do país de terça-feira - 28 de fevereiro.

Manchetes dos principais jornais do país de terça-feira - 28 de fevereiro

O Globo: Dilma abre cofre para reconstruir estação Foto: Ilustração

O Estado de S. Paulo

Da prisão, Hildebrando faz ameaças a procuradora

Preso há 12 anos e condenado a mais de 110 anos de prisão, o ex-deputado federal e ex-coronel da Polícia Militar Hildebrando Pascoal – o “homem da motosserra” – driblou a vigilância da penitenciária de segurança máxima do Acre e enviou duas cartas de ameaça e extorsão a autoridades do Judiciário local. Ele exige dinheiro e afirma ter fatos a revelar aos Conselhos Nacional de Justiça (CNJ) e do Ministério Público (CNMP), conforme revelou o Estado no domingo, na coluna Direto de Brasília, de João Bosco Rabello. As cartas integram um inquérito sigiloso em tramitação no Ministério Público do Acre.

Manuscritas e postadas no dia 23 de novembro de 2011 numa agência dos Correios em Rio Branco (AC), foram enviadas por Sedex à desembargadora Eva Evangelista, do Tribunal de Justiça do Acre, e à procuradora de Justiça Vanda Milani Nogueira, ex-cunhada de Hildebrando. Aos 60 anos, o homem que na década de 90 liderou o “esquadrão da morte” mostra-se ressentido e disposto a vingar-se de quem, segundo ele, o teria abandonado.

Na carta enviada à procuradora, Hildebrando pede que ela lhe envie R$ 6 mil “para me manter e manter minha família”. E prossegue: “Caso não me atenda, tenha a gentileza de encaminhar esta carta para os órgãos competentes, pois caso contrário eu a encaminharei e apresentarei esclarecimentos provando os fatos”.

O Ministério Público atribui as ameaças e tentativa de extorsão à cassação da patente de coronel da PM, decretada em 2005, mas que se efetivou no ano passado, com o trânsito em julgado (esgotamento dos recursos) da decisão. O ex-deputado explicita esse ressentimento na carta: “Você (Vanda) conseguiu com sua turma tirar a minha patente e o meu salário, posição que conquistei, com honra”.

Pane elétrica teria iniciado fogo em base na Antártida

O incêndio na Estação Antártica Comandante Ferraz, na madrugada de sábado – que deixou dois militares mortos e outro ferido, além de destruir 70% das instalações da base brasileira na Antártida -, começou em um dos quatro geradores de energia instalados na casa de máquinas da estação. A causa do incêndio ainda é desconhecida, mas uma das hipóteses discutidas é que tenha ocorrido uma pane elétrica.

As informações foram passadas ao chefe da base, capitão de fragata Fernando Tadeu Coimbra, pelos militares que fracassaram na tentativa de evitar a propagação do fogo. Os geradores funcionam com o óleo diesel anticongelante (gasoil artic) fabricado pela Petrobrás para emprego na base da Antártida.

Os militares confirmaram também que o alarme de incêndio não soou, não se sabe por qual razão. O alerta se deu por gritos de “fogo” entre os colegas, que foram acordando uns aos outros para evacuar o local.

Planalto se mexe

Preocupada com a entrada do ex-governador José Serra (PSDB) na disputa pela Prefeitura de São Paulo, a presidente Dilma Rousseff dá sinais de que fortalecerá o PR no Ministério dos Transportes, com o objetivo de abrir caminho para a aliança em torno do petista Fernando Haddad. Sem o PSD do prefeito Gilberto Kassab, que apoia Serra, Haddad corre para obter o aval do PR e engordar o tempo de sua exposição na propaganda política.

O Palácio do Planalto avalia agora os nomes do vereador Antonio Carlos Rodrigues, presidente do PR paulistano, e do ex-senador César Borges para a cadeira hoje ocupada por Paulo Sérgio Passos nos Transportes. A ideia é contemplar o PR na pasta e levar o partido a compor a chapa como vice de Haddad.

Rodrigues é suplente da senadora Marta Suplicy (PT-SP), conta com a simpatia do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e de fatia expressiva do PT, que quer emplacá-lo de qualquer jeito no governo.

Embora petistas como o deputado Jilmar Tatto (SP), líder da bancada na Câmara, digam que o partido deve procurar o PMDB, uma parte do governo avalia que a manutenção da candidatura de Gabriel Chalita (PMDB) pode ser positiva para Haddad. O argumento para essa análise é o de que o eleitor de Chalita também vota em Serra, como indicam pesquisas de intenção de voto. Por esse raciocínio, sua permanência na disputa pode impedir o voto útil no PSDB.

Serra ainda pode disputar a presidência, indica FHC

A candidatura de José Serra à Prefeitura de São Paulo permitirá a ele “voltar à cena política com força” e foi a decisão mais adequada para o ex-governador e para o PSDB, afirmou ontem o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em entrevista exclusiva ao Estado. “Dá a chance para o partido ganhar e dá a ele uma revitalização política”, analisou o ex-presidente.

Segundo FHC, a eleição para prefeito não significa que o ex-governador abandona o projeto de disputar a Presidência no futuro. “Política é uma coisa muito dinâmica. Tem sempre a cláusula de prudência. Política não é uma coisa em que os horizontes se fecham”, disse, ao comentar sobre a possibilidade de o tucano, mais uma vez, deixar um cargo para se candidatar a outro, como aconteceu quando era prefeito e governador de São Paulo.

O ex-presidente falou com o Estado em Nova York, onde lidera uma comitiva de 12 CEOs de empresas brasileiras ligadas à Comunitas, entidade criada por Ruth Cardoso para incentivar o investimento social corporativo.

O Globo

Dilma abre cofre para reconstruir estação

Apresidente Dilma Rousseff determinou a abertura de crédito extraordinário no Orçamento de 2012 para reconstruir a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), destruída após o incêndio da madrugada do último sábado. A contabilidade dos danos e a investigação das causas do acidente já começaram. A frente parlamentar do Programa Antártico (Proantar) calcula que, este ano, será necessário um investimento mínimo de R$ 20 milhões para limpar o local do acidente e começar o trabalho de reconstrução. Em 2012, o orçamento autorizado pelo Congresso para pesquisa e manutenção soma, porém, apenas R$ 11,8 milhões.

Ontem, a Marinha fez em Brasília a primeira reunião sobre avaliação de danos e de planejamento da estratégia de reconstrução, de acordo com a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), vice-presidente da frente parlamentar do Proantar. A presidente Dilma determinou ao Ministério do Planejamento que, nos próximos dias, as pastas da Defesa e de Ciência e Tecnologia apresentem a conta do prejuízo, que deverá ser integralmente atendida. No domingo, o ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antônio Raupp, afirmou ao GLOBO que há urgência para fazer o inventário do que não foi destruído e contabilizar o montante necessário para a recuperar o estrago.

No twitter, Serra confirma candidatura

O ex-governador José Serra confirmou ontem, pelo Twitter, que pretende disputar a eleição para prefeito de São Paulo, e que se submeterá às prévias do PSDB. O tucano adiou para hoje a entrega, ao partido, da carta que oficializará a sua entrada na disputa interna. A direção do PSDB paulistano se reúne, à noite, para discutir o adiamento das prévias. Mesmo sem a aceitação dos pré-candidatos inscritos, a cúpula tucana deverá aprovar a mudança de data. Por enquanto, elas estão marcadas para o próximo domingo.

“Sempre fui favorável às prévias para a escolha do candidato a prefeito do PSDB. E delas pretendo agora participar”, escreveu o tucano no Twitter, de manhã, e prosseguiu: “Hoje (ontem) comunicarei por escrito à direção do PSDB de São Paulo minha disposição de disputar a prefeitura de SP”.

Apesar da promessa pública, Serra não entregou ontem ao PSDB o documento para que não fosse obrigado a participar de um debate ocorrido ontem à noite entre os dois pré-candidatos que permanecem na disputa, o secretário estadual de Energia, José Aníbal, e o deputado federal Ricardo Trípoli. Aliados de Serra defendem que a escolha do candidato seja feita a partir do dia 19. Há uma proposta menos radical, defendida por Alckmin, que a nova data seja dia 11.

Rio vai criar força-tarefa contra policiais do bicho

Acena de um apontador do bicho deixando uma delegacia da Zona Sul minutos depois de ter sido detido, erguendo a cadeira usada em seu trabalho como troféu, reflete a impotência da cúpula da segurança diante da máfia dos contraventores. A lei considera o jogo apenas uma contravenção e os bicheiros têm a cumplicidade de policiais civis, militares e federais, que lhes dão proteção e informações privilegiadas. Para mudar esse quadro, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, lançará uma ofensiva: vai criar uma força-tarefa para investigar o crime de lavagem de dinheiro do bicho, cometido pelos agentes que atuam nessas quadrilhas. O grupo terá o apoio de policiais de reputação ilibada e de procuradores da República. Além disso, o governo estadual faz pressão no Congresso para reformar o Código Penal, criminalizando o jogo.

- Para mim, a imagem do bicheiro abanando uma cadeira em nada é diferente da de um traficante acenando com um fuzil no alto do morro. A cidade cresceu, os pontos de jogo são inúmeros, precisamos criar um movimento contrário a isso. Esse dinheiro suja muita coisa, mancha as instituições. A Operação Dedo de Deus (realizada no fim de 2011, pela Corregedoria Interna de Polícia Civil, contra contraventores e policiais, que culminou com a denúncia de 60 pessoas) deixou claro que não existe romantismo nenhum no jogo de bicho. Lá na ponta, os contraventores manipulam resultados e lesam a população. Sem contar com os homicídios e as extorsões praticados. Tem que criminalizar essa atividade – disse Beltrame.

Numa segunda frente para quebrar a estrutura da contravenção, o secretário quer convencer o Congresso da importância de mudanças urgentes no Código Penal, que é de 1940. Para isso, já foram apresentadas algumas propostas. Além da criminalização do jogo do bicho, Beltrame sugere a tipificação do crime de milícia e maior rapidez no andamento de processos administrativos disciplinares – o facilitaria a punição, inclusive com expulsão, de policiais com desvio de conduta.

‘Achavam que ter metrô era um luxo’

A presidente Dilma Rousseff criticou antecessores por não investirem em transporte público moderno ao anunciar ontem R$ 1 bilhão para a construção do metrô da Zona Leste de Fortaleza, no Ceará:

- Lá pelos anos 80, uma parte das lideranças deste país considerou que ter metrô era um luxo.

Ao lado da presidente estavam o governador, Cid Gomes (PSB), e a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), que foram vaiados durante a cerimônia. Dilma saiu em defesa dos dois: - Preciso de parceiros competentes como os que nós temos no Nordeste. O governador Cid Gomes tem sido um dos grandes parceiros do governo federal. A prefeita Luizianne, também.

Apesar de a presidente ter anunciado investimentos para um novo trecho do metrô, a primeira linha ainda não ficou pronta. Cid Gomes disse que o trecho – em obras há 15 anos – deve começar a operar até junho .

Anvisa inocenta Agnelo em sindicância

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) inocentou o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), em sindicância que investigava suposto favorecimento no licenciamento de uma empresa importadora de produtos de saúde, na época em que o petista foi diretor da Anvisa. No início do mês, a agência também isentou Agnelo de responsabilidade na acusação de que um depósito de R$ 5 mil em sua conta bancária seria propina referente ao registro de um medicamento.

O teor das duas sindicâncias ainda não foi divulgado pela Anvisa. A pedido do governador, porém, a agência emitiu declarações em que atesta a inocência de Agnelo nos dois casos. A agência informa que os resultados das investigações foram encaminhados à Corregedoria Geral da União (CGU), que deverá abrir processos administrativos para apurar o eventual envolvimento de outros servidores públicos no episódio.

Na última sexta-feira, o corregedor da Anvisa, Ivon Carrico, assinou declaração sobre Agnelo que diz que “não restou identificada sua responsabilidade administrativa nos autos da sindicância” sobre o licenciamento da empresa Saúde Import.

Garotinho e Cesar Maia formalizam aliança

Adversários ferrenhos nos últimos anos, o deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ), ex-governador do estado, e o ex-prefeito do Rio Cesar Maia formalizam ontem, em meio a abraços e apertos de mão, a aliança entre PR e DEM para as eleições municipais deste ano, incluindo a capital. No primeiro encontro público desde que a união foi selada, há um ano, o clima foi de elogios mútuos e juras de que as divergências foram superadas.

Cesar e o deputado trocavam farpas publicamente desde 1998, quando Garotinho venceu o ex-prefeito no segundo turno da eleição para governador. Em 2006, Cesar disse que o apoio do deputado federal era “um beijo da morte” e o acusou de estar ligado a escândalos como o do propinoduto e o das ONGs. Garotinho rebateu, insinuando suposto enriquecimento ilícito do ex-prefeito.

- A eleição municipal é muito maior que as divergências que ocorreram no passado – afirmou Garotinho, antes do evento, realizado no Centro do Rio. – Não é uma questão pessoal, não estou casando com o Cesar Maia – completou.

- Não há nenhuma dificuldade de superar visões que não são exatamente iguais – disse Cesar. O clima de afagos era quebrado somente por críticas ao governador Sérgio Cabral e ao prefeito do Rio, Eduardo Paes, ambos do PMDB. Garotinho chegou a comparar os dois a personagens da novela “Fina Estampa”, da TV Globo.

Mais de 50% das pesquisas continuam

A área de biologia, biodiversidade e fisiologia animal foi a que mais perdeu. Mas o Programa Antártico Brasileiro atua numa área de mais de três milhões de quilômetros quadrados, que envolve, além da estação, dois navios polares, acampamentos e um módulo científico automatizado. Nem tudo está perdido.

Segundo Jefferson Simões, coordenador- geral do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera (também responsável por pesquisas na Antártica) e diretor do Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mais da metade das pesquisas continuará ativa.

Entre as pesquisas que não serão interrompidas estão: Correntes oceânicas: análise e modelagem das águas geladas que compõem as correntes oceânicas do Atlântico Sul e afetam a confluência das correntes das Malvinas (vindas do Sul) e do Brasil (vindas do Norte). O local de encontro dessas correntes tem efeito direto nas condições climáticas do Sul do país.

Mar congelado: o congelamento do mar da Antártica é a maior variação sazonal de um fenômeno ambiental no planeta. Entre o verão e o inverno, a extensão de mar congelado varia de 1,6 milhão de quilômetros quadrados para 20 milhões. A variação afeta a circulação atmosférica no Hemisfério Sul e influencia o clima.

Ministro diz que vai esperar investigação

O ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp, disse ontem que vai rever o orçamento para pesquisas na Antártica e acenou com a possibilidade de verbas extras para a continuidade dos trabalhos. Segundo ele, o ministério investiu R$ 140 milhões, desde 2007, em pesquisas na Antártica, valor que disse achar suficiente:

- Não faltarão recursos para a retomada completa dessas atividades. A base tem que se reconstruída.

O ministro evitou comentar possíveis problemas na manutenção da base e causas para o incêndio. Ele frisou que a manutenção é de responsabilidade da Marinha, que abriu inquérito para investigar as causas do acidente. Perguntado sobre afirmações de pesquisadores de que a base dava sinais de sucateamento, com contêineres enferrujados, e sobre a possível necessidade de repor equipamentos de controle de incêndio, que teria sido detectada em inspeção recente, disse que é prematuro afirmar algo. Antes, disse, é preciso concluir a sindicância aberta para apurar o que houve. Ele disse não saber sobre qualquer relatório de inspeção.

Miro vai propor reduzir foro privilegiado

O deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ) dará hoje o primeiro passo na tentativa de derrubar o foro privilegiado dos políticos que cometem crimes contra a administração pública. Ele anunciou que começará a recolher, na Câmara dos Deputados, as 171 assinaturas necessárias à apresentação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que veda a aplicação do foro – direito hoje concedido a autoridades de não serem julgadas pela Justiça comum – para crimes como peculato, corrupção e tráfico de influência.

Como os próprios deputados estão entre as autoridades favorecidas, Miro reconhece o tamanho do desafio que terá pela frente. Para vencê-lo, pretende recorrer a duas estratégias: contar com o apoio das organizações sociais envolvidas no combate à impunidade e deixar claro que o foro permanecerá no que diz respeito ao livre exercício das funções parlamentares, protegendo-as contra processos judiciários tendenciosos ou prisões arbitrárias.

- O foro privilegiado evitou que me prendessem, em 1988, quando fui para a porta da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) para evitar que o Exército invadisse e massacrasse os operários que ocupavam o lugar. Com a PEC, isso não mudará. O que não pode é um foro que garante a impunidade daqueles que lesaram o patrimônio público – explicou.

MPF pede retirada de circulação do dicionário Houaiss

O Ministério Público Federal (MPF) em Minas Gerais ajuizou ação civil pública pedindo a retirada de circulação do Dicionário Houaiss, por considerar que o livro contém “expressões pejorativas e preconceituosas” sobre ciganos. Duas das oito definições da palavra citadas no dicionário se referem ao povo como “aquele que trapaceia, velhaco, burlador” e “apegado a dinheiro, agiota e sovina”. As expressões são mencionadas como as definições “depreciativas” do termo.

- Ainda que se deixe expresso que é uma linguagem pejorativa, ou, ainda, que se trata de acepções carregadas de preconceito ou xenofobia, fica claro o caráter discriminatório assumido pela publicação – escreveu o procurador da República em Uberlândia (MG), Cléber Eustáquio Neves, autor da ação.

O processo foi motivado por uma representação de um cidadão de origem cigana em 2009, ocasião em que denunciou discriminação e preconceito contra sua etnia. De acordo com o MPF, as editoras Globo e Melhoramentos teriam se comprometido a atender à recomendação. No entanto, a Editora Objetiva, responsável pela publicação do Houaiss, teria se recusado a seguir a recomendação, sob o argumento de que não seria responsável pelo conteúdo publicado, mas detentora dos direitos de publicação do Instituto Houaiss.

Oposição a Dilma comemora decisão

Tanto a oposição quanto integrantes da base aliada avaliaram ontem que a entrada de José Serra nacionaliza a disputa pela prefeitura da capital de São Paulo. Os líderes de oposição ao governo Dilma Rousseff comemoraram o fato de ter, com Serra, um candidato com chance real de vencer a briga e evitar o que chamam de tentativa de hegemonização petista no cenário político.

- A decisão de Serra nacionaliza a eleição de São Paulo, polariza a eleição entre governo e oposição. A tradição paulista sempre leva à vitória um candidato com as características de Serra. O DEM apoia a candidatura de oposição, mas temos um pré-candidato. No momento oportuno, DEM e PSDB conversarão e irão avaliar a melhor estratégia para a candidatura de oposição – afirmou o presidente nacional do DEM, José Agripino Maia (RN), deixando claro que o partido ainda não decidiu se encampa uma aliança com o PSDB já no primeiro turno.

Indagado sobre o fato de a candidatura de Serra ser apoiada pelo prefeito Gilberto Kassab, ex-DEM e hoje presidente do PSD, ele disse que isso não é um impeditivo para uma aliança do DEM: - Qualquer reforço à candidatura de oposição é bem-vindo. Nosso objetivo é somar forças contra a candidatura do governo e no embate contra o PT.

Pesquisadores propõem novo modelo de estação

A perda de boa parte da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) em um incêndio na madrugada do último sábado pode ser uma oportunidade para o Brasil repensar seu modelo de ocupação permanente no continente gelado, levando em conta questões como segurança e sustentabilidade, defendem cientistas brasileiros envolvidos nas pesquisas na região.

Jefferson Cardia Simões, diretor do Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e um dos veteranos do Programa Antártico Brasileiro, lembra que, quando a base começou a ser construída, nos anos 1980, o país e seus pesquisadores tinham pouca ou nenhuma experiência de atuação em um ambiente polar, cenário que mudou muito nos últimos 30 anos. - Quando começamos, tivemos que aprender do nada e improvisar. Agora, temos capacidade técnica para ajudar na reconstrução e redesenho da estação para melhor atender as finalidades científicas – disse Simões.

Professores: piso da rede pública será de R$ 1.451

O Ministério da Educação (MEC) divulgou ontem que o piso salarial nacional dos professores da rede pública este ano é de R$ 1.451 por mês, um aumento de 22,22% em relação ao piso de 2011. O novo valor é retroativo a janeiro. Logo após o anúncio do MEC, entidades que representam governos estaduais e municipais cobraram ajuda federal para pagar o novo salário. Para sindicatos de professores, porém, o governo interpreta a lei de forma equivocada e o piso deveria ser de R$ 1.937,26.

PT e PSD serão aliados em outros municípios

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse ontem que a aliança do PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, com o ex-prefeito José Serra (PSDB) na capital paulista não deve afetar as conversas do partido de Kassab com petistas de outras cidades e estados. Segundo Falcão, o PT conta com o apoio do PSD em sete municípios, e a aliança pode acontecer também em outros sete – ele não citou o nome das cidades.

- O PSD já vem dialogando conosco em vários estados, independentemente da capital paulista. Tem (conversas) no ABC, em Osasco e em outros estados. O PSD está se estruturando e se definindo, e isso não significa que não possa aumentar (o número de alianças).

Rui Falcão afirmou que não se surpreendeu com o anúncio do tucano José Serra de se candidatar à prefeitura de São Paulo, pois “já parecia que ele seria candidato”, e afirmou que o PT está em contato com partidos da base para ampliar as alianças.

Rio vai criar força-tarefa contra policiais do bicho

Acena de um apontador do bicho deixando uma delegacia da Zona Sul minutos depois de ter sido detido, erguendo a cadeira usada em seu trabalho como troféu, reflete a impotência da cúpula da segurança diante da máfia dos contraventores. A lei considera o jogo apenas uma contravenção e os bicheiros têm a cumplicidade de policiais civis, militares e federais, que lhes dão proteção e informações privilegiadas. Para mudar esse quadro, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, lançará uma ofensiva: vai criar uma força-tarefa para investigar o crime de lavagem de dinheiro do bicho, cometido pelos agentes que atuam nessas quadrilhas. O grupo terá o apoio de policiais de reputação ilibada e de procuradores da República. Além disso, o governo estadual faz pressão no Congresso para reformar o Código Penal, criminalizando o jogo.

- Para mim, a imagem do bicheiro abanando uma cadeira em nada é diferente da de um traficante acenando com um fuzil no alto do morro. A cidade cresceu, os pontos de jogo são inúmeros, precisamos criar um movimento contrário a isso. Esse dinheiro suja muita coisa, mancha as instituições. A Operação Dedo de Deus (realizada no fim de 2011, pela Corregedoria Interna de Polícia Civil, contra contraventores e policiais, que culminou com a denúncia de 60 pessoas) deixou claro que não existe romantismo nenhum no jogo de bicho. Lá na ponta, os contraventores manipulam resultados e lesam a população. Sem contar com os homicídios e as extorsões praticados. Tem que criminalizar essa atividade – disse Beltrame.

Sem cargo após oposição

O deputado Izalci Ferreira (PR-DF) subiu ontem à tribuna da Câmara para denunciar discriminação e acusar membros da executiva nacional do PR de destituí-lo, sem aviso prévio, da presidência do diretório regional no Distrito Federal. Para ele, a atitude é uma reação às denúncias e à postura de oposição que ele adotou contra o governador do DF, Agnelo Queiroz (PT). Izalci Ferreira chegou a acionar o Ministério Público, pedindo que investigasse denúncias de corrupção contra Agnelo quando era ministro do Esporte, e por repetir as denúncias na tribuna.

Serra confirma candidatura, mas no Twitter

O ex-governador José Serra confirmou ontem, pelo Twitter, que pretende disputar a eleição para prefeito de São Paulo, e que se submeterá às prévias do PSDB. O tucano adiou para hoje a entrega, ao partido, da carta que oficializará a sua entrada na disputa interna. A direção do PSDB paulistano se reúne, à noite, para discutir o adiamento das prévias. Mesmo sem a aceitação dos pré-candidatos inscritos, a cúpula tucana deverá aprovar a mudança de data. Por enquanto, elas estão marcadas para o próximo domingo.

“Sempre fui favorável às prévias para a escolha do candidato a prefeito do PSDB. E delas pretendo agora participar”, escreveu o tucano no Twitter, de manhã, e prosseguiu: “Hoje (ontem) comunicarei por escrito à direção do PSDB de São Paulo minha disposição de disputar a prefeitura de SP”.

Apesar da promessa pública, Serra não entregou ontem ao PSDB o documento para que não fosse obrigado a participar de um debate ocorrido ontem à noite entre os dois pré-candidatos que permanecem na disputa, o secretário estadual de Energia, José Aníbal, e o deputado federal Ricardo Trípoli.

Correio Braziliense

Guerra pelo BB pode acabar nos tribunais

A disputa de poder dentro do Banco do Brasil pode acabar na Justiça. Motivo: desde ontem, passaram a circular livremente, na Esplanada dos Ministérios, extratos bancários de Allan Toledo Simões, que, no fim do ano passado, foi demitido da vice-presidência da área Internacional da instituição. Os documentos mostram que, entre fevereiro e junho do ano passado, foram feitos cinco depósitos de R$ 200 mil cada na conta do ex-executivo, totalizando R$ 1 milhão, movimento que está sendo investigado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), por suspeita de lavagem de dinheiro.

A amigos, Simões disse estar sendo usado como bode expiatório pelos dois grupos que querem o comando do BB e da poderosa Previ, o fundo de pensão dos funcionários do banco. De um lado, está o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, responsável pela demissão de Allan Simões. De outro, Ricardo Flores, principal executivo da fundação que administra mais de R$ 150 bilhões em ativos. Ambos não trocam uma palavra há quase um ano e alimentam uma guerra que já engolfou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e seu secretário executivo, Nelson Barbosa.

Militar alertou sobre falhas na Antártida

A tragédia na Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), que destruiu 70% da base, deixando dois militares mortos e um ferido, estava anunciada há pelo menos seis anos. Em 2006, o oficial de reserva da Marinha Antonio Sepulveda alertou, em artigo, sobre o estado de severa degradação em que se encontrava a estação, com o sistema elétrico defeituoso e vários outros problemas.

No texto, publicado pelo Jornal do Commercio, Sepulveda afirmou que a estação não recebia manutenção adequada e que seu orçamento começou a sofrer cortes desde o início da década de 1990. “Alguns sistemas vitais se encontram comprometidos: rede de esgoto, proteção contra incêndios e transferência de energia elétrica”, escreveu. De acordo com o militar, em 2006, três tanques de combustível desabaram por conta de bases apodrecidas, o que poderia ter causado derramamento de óleo.

Recomeça a luta entre PT e Serra

Antes de discutir as eleições presidenciais de 2014, o tucano José Serra terá que enfrentar uma batalha local que deve se estender pelos próximos sete meses, até o primeiro domingo de outubro, data do primeiro turno.

Tão logo o tucano confirmou ontem, pelo Twitter, a pré-candidatura à prefeitura de São Paulo, as redes sociais explodiram com reações de adversários e defesas de correligionários do ex-governador. O ex-chefe da Casa Civil José Dirceu lembrou que o PT já tem candidato e que é hora de pensar na pré-campanha de Fernando Haddad. No sábado, ele já havia postado outra provocação ao PSDB, em um artigo intitulado Quem tem medo de José Serra? . No texto, Dirceu lembra que Serra perdeu as eleições de 2010 e transformou-se em uma figura isolada no partido. “Se Serra não serve para ser presidente do Brasil, por que serviria para ser prefeito de São Paulo?”, desdenhou o dirigente.

CNJ revê proteção a juíza

Quatro dias antes de a juíza Patrícia Acioli ser executada com mais de dez tiros por policiais no Rio de Janeiro, uma magistrada de Pernambuco registrava queixa contra três policiais militares selecionados para acompanhá-la entre Recife, onde vive, e a cidade em que trabalhava, Itabira, no sertão pernambucano. Na delegacia, Fabíola Muniz Mendes contou que os PMs pararam o carro no acostamento e desembarcaram com armas em punho, apontadas para ela e o marido, que estavam no carro do casal.

O companheiro de Fabíola acelerou e conseguiu fugir. O registro de ocorrência virou inquérito, mas foi arquivado pelo Ministério Público estadual, mesmo após ter ficado comprovado que dois dos três policiais eram réus num processo de tortura que havia acabado de sair das mãos de Fabíola. Hoje, pouco mais de seis meses após a morte da colega carioca, a magistrada pernambucana acompanhará a sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que deve decidir se ela continuará tendo direito à proteção policial — agora feita por policiais civis.

Convênios prorrogados

No último dia 17, o Correio mostrou que o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) prorrogou convênios com seis entidades suspeitas desde a demissão de Carlos Lupi, em 4 de dezembro. Lupi perdeu o cargo de ministro em meio a acusações de fraudes, desvios de recursos e uso político no repasse de dinheiro público a essas organizações, responsáveis por cursos de capacitação profissional.

Indicados de Lupi que permaneceram no ministério — Carlo Roberto Simi, secretário de Políticas Públicas de Emprego, e Paulo Roberto dos Santos Pinto, ministro interino — prorrogaram os contratos, que ganharam sobrevida até a metade do ano.

Escalada das ameaças

Levantamento do CNJ aponta que o número de juízes ameaçados passou de 100 para 150, um aumento de 50%, entre agosto e novembro do ano passado. Entre eles, está Fabíola Muniz Mendes. Ela conta que só conseguiu ser acompanhada por policiais até Itabira, no dia em que diz ter sido vítima de um atentado, após a Associação dos Magistrados de Pernambuco (Amepe) pedir que o TJ autorizasse a cessão dos PMs: “Antes da emboscada, eu já me sentia ameaçada. Pedi escolta ao TJ pela primeira vez depois de a dona da pousada onde eu me hospedava em Itabira ter visto um homem anotando a placa do meu carro. E isso foi logo depois que aceitei a denúncia contra os policiais. Não sei por que o TJ não deu escolta e o motivo de o MP ter arquivado o inquérito, sem ter ouvido o comandante do batalhão dos policiais designados para me acompanhar até Itabira naquele dia”.

Fundo do servidor testa coesão da base

Depois de enfrentar o adiamento imposto pelo presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), à votação do projeto de lei que cria o Fundo de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp) e pequenas insurgências de partidos da base insatisfeitos, o Palácio do Planalto deve acionar o rolo compressor para fazer aprovar o texto, na sessão de hoje. A investida tenta combater a promessa de obstrução feita pelo DEM e de voto contrário de aliados, como o PDT, em atrito com o governo por ainda não ter sido atendido na escolha do novo titular do Ministério do Trabalho — vaga que pertencia a Carlos Lupi, presidente do partido.

A votação do Funpresp será um teste de coesão da base aliada ao Planalto na Câmara. Na avaliação do líder do governo na Casa, Cândido Vaccarezza (PT-SP), a aprovação do projeto deverá ocupar o plenário até a quarta-feira. “Mesmo com um movimento restrito da oposição, somos obrigados a cumprir o regimento e a seguir as regras da obstrução da pauta, o que vai atrasar a votação”, diz Vaccarezza. O líder, contudo, acredita ter uma margem folgada para a aprovação do projeto. “Teremos mais de 300 votos a favor da criação do Funpresp”, afirma.

Parte dessa confiança se baseia na falta de uma estratégia afinada entre os partidos da oposição. Apenas o DEM tem se mostrado disposto a obstruir a votação do Funpresp. O PSDB já se declarou favorável ao projeto e deve apresentar emendas com modificações pontuais no texto defendido pelo governo. O PPS trabalhará para votar um substitutivo, mas também defende a necessidade de mudanças na previdência do servidor federal.

Militares sob “censura”

Militares da reserva alegam que sofreram “censura” por parte do governo pela determinação dada aos chefes dos clubes militares para que desautorizassem nota em que criticavam a presidente Dilma Rousseff por não repreender declarações de duas ministras sobre a ditadura militar. Desde ontem, os clubes militares têm sido bombardeados com e-mails e notas de associações que vão desde acusações contra os comandantes das Forças Armadas até protestos contra a ingerência do Executivo.

“Querem fazer do militar da reserva, que não tem tropa nem cargo militar, um cidadão de segunda categoria, alijado do processo político. Um dalit, como os párias indianos”, queixa-se o general da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva. Os oficiais elencam duas normas para respaldar a insatisfação.

ONG suspeita, dinheiro liberado

Uma entidade suspeita de desvio de dinheiro público e de formação de caixa dois numa disputa eleitoral na Bahia voltou a ser beneficiada pelo governo brasileiro em 2011, apesar de as acusações constarem de um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) concluído há mais de dois anos. A Pangea — Centro de Estudos Socioambientais, sediada em Salvador, já recebeu R$ 554,1 mil de R$ 1,47 milhão previstos em convênio assinado com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O contrato foi assinado em 27 de dezembro de 2011, três semanas depois da demissão do então ministro, Carlos Lupi. Em setembro do mesmo ano, a sede da Pangea recebeu equipamentos de informática doados pela gerência do Banco Central em Salvador.

A ONG atua com cooperativas de catadores de materiais recicláveis e, entre 2004 e 2006, recebeu R$ 7,5 milhões da estatal Petrobras, por meio de contratos de patrocínio. O dinheiro deveria servir para implantar e consolidar uma rede de cooperativas. Relatório da CGU de 30 de julho de 2009 mostrou um desvio superior a R$ 2 milhões. Os auditores da CGU detectaram “simulação” na prestação de serviços, principalmente na construção de galpões para os catadores, empresas fornecedoras fantasmas e uso de notas fiscais frias.

Fonte - Jornal EXTRA de Alagoas

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