A atividade econômica brasileira teve nova retração em outubro. O indicador do Banco Central que funciona como uma espécie de prévia do comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) registrou queda de 0,32% na comparação com setembro, pior que o esperado pelos economistas.
Agora, analistas calculam que, para o Brasil evitar uma contração da economia no último trimestre, é necessário crescer com ritmo mensal de 0,6% em novembro e dezembro. A velocidade é ousada, já que a última vez em que isso aconteceu foi no fim de 2010, ano em que o País cresceu 7,5%.
A contração anunciada ontem pelo Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) foi mais acentuada que o esperado. Levantamento do AE Projeções com 18 instituições financeiras apontava para a expectativa de queda de 0,1%. Outubro já é o terceiro mês seguido em que a atividade recua. A última vez que o BC registrou três meses consecutivos de queda no indicador foi em dezembro de 2008, ainda no meio do turbilhão da crise anterior.
O número pior que o esperado adiciona preocupação nas previsões para o comportamento da economia no último trimestre do ano. Mesmo com as medidas de estímulo adotadas pelo governo - como redução dos juros e incentivo à compra de produtos como geladeiras e fogões - cresce a apreensão entre os analistas de que os efeitos do plano para injetar ânimo à economia aconteçam com atraso ou mesmo sejam insuficientes para anular os efeitos da crise.
Efeito curto. Interpretação ontem no mercado financeiro sinaliza que, eventualmente, as medidas do governo levaram menos gente que o esperado para as lojas. Sem demanda, os estoques do varejo continuam elevados e, sem novos pedidos, a indústria segue patinando.
Para o HSBC, o varejo demora a reagir por uma eventual 'restrição dos critérios dos empréstimos' e também à menor folga dos orçamentos familiares, que estariam sendo parcialmente consumidos pela inflação.
Até ontem, o banco previa que a economia poderia crescer 0,7% de outubro a dezembro na comparação com o terceiro trimestre. Agora, ganha força a leitura de que a taxa de expansão pode ficar próxima de 0,3%. 'O IBC-Br reforça nossa visão de que a economia brasileira vai entrar 2012 com um ritmo suave.'
A economista-chefe da corretora iCap Brasil, Inês Filipa, diz que os dados divulgados ontem foram negativos, mas não chegam a surpreender. Por enquanto, ela mantém a expectativa de que a economia no último trimestre deve terminar com expansão de 0,5%. 'Precisamos ver mais dados sobre o comportamento do comércio e da indústria para uma eventual alteração. Mas acho que ainda há espaço e tempo para a economia reagir às medidas de estímulo.'
Em nota, a equipe de economistas da LCA alerta que o País pode estar próximo de enfrentar uma recessão técnica. 'Com o IBC-Br de outubro, a economia brasileira precisaria crescer num ritmo de 0,6% ao mês em novembro e dezembro - ritmo não visto desde meados de 2010 - para não recuar pelo segundo trimestre consecutivo (o que configuraria recessão técnica)'.
Fonte - MARIA REGINA SILVA e FLAVIO LEONEL
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