Quase Hotel.

Falamos muito em educação familiar, mas esquecemos muitas vezes de observar nossas atitudes, mesmo que seja, devido à modernidade, de difícil execução. Observe o seguinte: lembro-me que quando criança queria presentear meu querido pai com o primeiro aparelho de televisão colorido fabricado pela Sharp. Até aí tudo normal, porém já naquela época, mesmo sendo direcionado exclusivamente ao meu pai, este televisor, por ordem de mamãe, teve seu lugar de destaque no centro da sala de star. Naquela época não existia o costume de cada quarto ter um aparelho de TV. Com o passar dos tempos, também adquiri a tal modernidade, porém nunca dispensei a televisão da sala, pois minha mãe sempre nos advertia dizendo: “quando entro em uma casa que não vejo um aparelho de televisão na sala, sinto-me estar em hotel”. Hoje percebo o verdadeiro significado desta frase. O que na realidade minha mãe queria repassar era exatamente o fator família, pois ela sempre valorizava as reuniões “sagradas” que eram exatamente nas horas das refeições e consequentemente nos dirigíamos para conversarmos em frente à TV na sala de star. Devemos sim proporcionar cada vez mais à nossa família essas reuniões, não devemos proporcionar na nossa casa o direito da transformação moderna, onde cada casa está sendo transformada em um hotel.

Durval Buarque
buarque@oi.com.br

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