Cerca de 5 mil pessoas morrem de câncer no Brasil todo ano por falta de aparelhos para o tratamento de radioterapia. O dado é da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT).
De acordo com o radio-oncologista Arthur Accioly Rosa, esse número pode ser maior. “O número é uma estimativa feita levando-se em consideração as taxas de incidência de câncer para o ano de 2016 fornecidas pelo INCA, mas a realidade é que o número de vítimas da falta de radioterapia pode ser bem maior”.
A radioterapia, junto com a cirurgia e a quimioterapia, é uma das principais formas de tratamento para combater o câncer. De acordo com a SBTR, seis em cada dez pacientes diagnosticados com câncer no Brasil terão, em algum momento, a indicação de radioterapia, seja para o tratamento curativo ou para o tratamento paliativo.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 600 mil pessoas devem confirmar o diagnóstico de câncer este ano. “Considerando este número, pelo menos 360 mil pessoas vão precisar de radioterapia para combater a doença”, afirma o o radio-oncologista.
Ele explica que o problema é que não existem máquinas, ou aceleradores lineares, em número suficiente para tratar todos que precisam.
A recomendação da SBRT é que cada acelerador possa atender cerca entre 450 e 600 pacientes por ano. Sendo assim, seriam necessárias entre 600 e 800 máquinas espalhadas pelo país.
Segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), há 371 aceleradores lineares em funcionamento no Brasil, destes, 259 estão na rede pública de saúde. Isso significa que existe uma carência de pelo menos 40% na oferta de máquinas.
Existe, ainda, outro problema: a otimização das máquinas existentes. O levantamento feito pela SBRT mostra que cada máquina rende 70% do que deveria.
“Além de sucateados, os equipamentos estão distribuídos de forma desigual entre os Estados, estando concentrados nas regiões Sul e Sudeste. Os Estados do Amapá e de Roraima nem possuem essas máquinas”, afirma o presidente da SBRT.
A espera pelo início do tratamento também interfere no número de mortes. Entre os pacientes que precisam fazer o tratamento pelo SUS, apenas 16% iniciam o procedimento em até 30 dias; o tempo médio de espera é 113,4 dias.
Accioly acredita que o problema começa na falta de investimentos e segue pela falta de estrutura e conhecimento técnico para a instalação das máquinas.
“A implantação de infraestrutura de radioterapia é demorada, principalmente se gerenciada pela iniciativa pública. Das 80 máquinas compradas pelo Ministério da Saúde em 2013, menos de 10% estão instaladas até o momento, falta pessoal para instalar e operar os equipamentos”, analisa o especialista.
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