Dos 21 pacientes internados nos últimos oito dias no setor de queimados do Hospital da Restauração (HR), 19 se acidentaram ao cozinhar com álcool ou gasolina em substituição ao gás de cozinha, o que representa 90% dos casos. “Hoje, dia Nacional de Luta Contra as Queimaduras, não temos o que comemorar. O preço do gás teve um aumento absurdo em um tempo muito curto. Isso fez com que as pessoas, de forma inexperiente, mas por necessidade, passassem a cozinhar com álcool", revela o médico Marcos Barretto, chefe da Unidade de Tratamento de Queimados do HR, referência estadual para esse tipo de atendimento.
Segundo Marcos Barretto, desde o final do ano passado, por exemplo, 60% dos pacientes internados na unidade sofreram acidentes desse tipo. Desde então, o quadro vem se agravando e a preocupação maior é a mudança das etiologias com o início do período de festas juninas e a copa do mundo de futebol. “Tratamos, em média, 50 pacientes vítimas de fogos ou fogueiras nos últimos dois anos no período junino. Desses, pelo menos a metade fica internada, e muitos mutilados ficam em torno de três meses internados”, constata.
Uma das vítimas, Joacyra Chagas, 46 anos, usou o álcool pela primeira vez para fazer o café da manhã, já que não tinha gás. O resultado foi uma queimadura grave no rosto. "Fui comprar o gás e não tinha, quando encontrei, ele custava R$ 180, muito caro. Aí passei a usar o álcool e pensei que o fogo estava apagado e fui botar mais combustível. Aí incendiou tudo, pegou fogo na garrafa de álcool e explodiu", revelou. O marido dela também acabou se queimando, na tentativa de ajudá-la. "Ele acordou com meus gritos. Se abraçou comigo para apagar o fogo. Se queimou também, mas menos que eu e está também internado aqui na Enfermaria Masculina”, lamentou.
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