Doação de órgãos: negativa familiar sobe para 52%

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Fila de espera por órgão ou tecido em PE conta com 990 pacientes.

 Em 2017, ano de maior número de transplantes da história de Pernambuco, foram entrevistadas 341 famílias de potenciais doadores de órgãos e tecidos. Desse total, 188 autorizaram a doação (57%) e 150 recusaram (43%). Já neste ano, até o mês de abril, o percentual de recusas está maior do que o das autorizações: foram 48 doações (48%) e 53 negativas familiares (52%). Os dados chamam a atenção da Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE), que tem investido na capacitação dos profissionais envolvidos no processo para qualificar o diagnóstico da morte encefálica e o acolhimento das famílias, para que elas possam ter os subsídios necessários para exercer seu direito de doar órgãos.
 Nesta quinta-feira (24.05), das 8h às 12h, a Central de Transplantes reúne profissionais de saúde no curso de atualização sobre morte encefálica e doação de órgãos. O evento, que também marca a abertura oficial da Campanha Estadual de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes, ocorre no auditório da Secretaria Estadual de Saúde (SES), no Bongi. 
“A recusa familiar pode ser um reflexo da falta de informação ou dos mitos que rodeiam a doação de órgãos e tecidos. Por isso, precisamos, permanentemente, divulgar a importância do ato e incentivar que a população converse sobre o assunto em casa e externe ainda em vida seu desejo de doar. A doação não mutila o corpo do doador, que é entregue íntegro para a família realizar suas cerimônias de despedida. Uma única pessoa pode tirar outras sete da fila de espera, o que mostra a importância desse ato”, afirma a coordenadora da CT-PE, Noemy Gomes. “Temos equipes captadoras e transplantadoras treinadas e prontas para realizar os procedimentos necessários, mas precisamos da doação para que um transplante seja efetivado”, pontua Noemy.
Entre janeiro de abril deste ano, foram realizados 540 transplantes de órgãos e tecidos em Pernambuco. O quantitativo está 3,7% menor do que o mesmo período de 2017, com 561 procedimentos. “A diminuição é pequena, mas já nos deixa atentos para buscarmos alternativas para ampliar as doações no Estado. Desde o final de 2017, com as mudanças no diagnóstico da morte encefálica, estamos intensificando as capacitações com as equipes hospitalares, que são essenciais para que haja o sucesso em todo o processo. Esse novo protocolo de determinação da morte encefálica foi atualizado seguindo as boas práticas internacionais, garantindo segurança à confirmação e o acesso ao diagnóstico, uma vez que ampliou o leque de profissionais aptos para esse diagnóstico”, reforça Noemy Gomes.
A morte encefálica acontece quando o cérebro perde a capacidade de comandar as funções do corpo, como consequência de uma lesão conhecida e comprovada. Na morte encefálica, o indivíduo pode ser doador de órgãos e tecidos (coração, rins, pâncreas, fígado e córneas). De acordo com as novas normas, ela pode ser diagnosticada por mais especialidades médicas, além da neurologia. A resolução prevê, ainda, que os procedimentos para a determinação da morte encefálica devem ser iniciados em todos os pacientes que apresentem coma não perceptivo, ausência de reatividade supraespinhal e apneia persistente.
Na próxima terça-feira (29.05), na UPE Petrolina, a Central de Transplantes, em parceria com o Cremepe, realiza o curso de determinação de morte encefálica para médicos da região, seguindo o compromisso do programa de educação permanente sobre o processo de doação para profissionais de saúde.  
DADOS – Dos 540 transplantes realizados até abril deste ano, 264 foram de córnea (308 em 2017, redução de 14%), 143 de rim (115 em 2017 – crescimento de 24%), 73 de medula óssea (70 em 2017 – aumento de 4%), 42 de fígado (41 em 2017 – 2% de acréscimo) e 18 de coração (21 em 2017 – queda de 14%). Em 2017, no mesmo período, ainda ocorreram 3 transplantes de rim/pâncreas, 1 de fígado/rim e 2 de válvula cardíaca.
A fila de espera totaliza 990 pacientes, sendo 787 aguardando um rim, 98 de fígado, 56 de córnea, 14 de coração e 5 de rim/pâncreas. É importante ressaltar que, desde 2017, Pernambuco possui o status de córnea zero. Isso significa que o paciente, depois de realizar os exames necessários para ser inscrito na fila de espera, faz o transplante em até 30 dias.
RANKING NACIONAL – De acordo com o balanço de 2017 da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), divulgado no último mês de março, Pernambuco ficou em primeiro lugar do Norte e Nordeste no número de procedimentos de coração, rim, pâncreas, córnea e medula óssea, que, juntos, totalizam mais de 1,6 mil pessoas transplantadas no ano passado. O Estado ainda figura na segunda colocação do Brasil no caso do coração.

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