Um
grave engano da sociedade brasileira seria creditar autoritarismo apenas aos
militares ou aos governos ditatoriais. Tal equívoco decorre principalmente das
torturas praticadas após o golpe militar de 1964.
Embora
esteja mais presente nos regimes militares, o autoritarismo norteia as atitudes
diárias dos brasileiros, com maior frequência nos órgãos públicos.
As
escolas não ficam isentas. Serventes, auxiliares, professores e mais
acentuadamente os diretores são autoritários. Falam de forma grosseira com os
pais, gritam com os alunos, sempre os responsabilizando pelos atritos ou
quaisquer outros problemas ocorridos nos estabelecimentos de ensino.
Muitos
pais ou os responsáveis por alunos querem contribuir para melhorar a escola dos
filhos e esbarram na má vontade dos diretores. Além de outros meios, qualquer
cidadão ajudar a capinar, limpar, plantar árvores, pintar, consertar mesas e
cadeiras, doar livros para aumentar e atualizar o acervo ou criar bibliotecas
nas escolas que não tivessem e até fornecer computadores.
Poderiam,
ainda, dar aulas de reforço a alunos, especialmente àqueles que tivessem
dificuldade em determinadas matérias, considerando que muitos pais possuem
graduação em nível superior. Isso diminuiria a evasão e o índice de repetência,
tão valorada no Brasil.
Autoritarismo
e autossuficiência de quase todos os diretores das escolas públicas deixam os
pais com as mãos atadas, impossibilitados desses simples atos, capazes de
melhorar muito as condições das escolas em todo o território nacional.
Ninguém
sabe por que as escolas não realizam essas atividades em parceria com os
principais interessados, os alunos, pais ou responsáveis. Em parte deve-se à
desorganização geral das instituições nacionais. Depois, porque a maioria da
população luta pela sobrevivência e pouco pode ajudar; outros querem enriquecer
apenas para ostentar riqueza, sem nenhuma preocupação com a coletividade.
Essa
linha de conduta gera uma insatisfação geral. Todo mundo mal se tolera, o
desrespeito cresce de forma galopante, os casos de violência disseminam-se país
afora e se tornam cada vez mais graves. O caso do ataque à escola municipal Tasso
da Silveira, em Realengo/RJ, com treze crianças assassinadas friamente, só
demonstra onde o caos pode chegar. Os governos e a sociedade precisam encarar a
educação com a seriedade que ela requer. Para isso talvez precise de tudo,
menos de autoritarismo.
Pedro
Cardoso da Costa – Interlagos/SP
Bacharel em direito
"NÃO EXISTE DEMOCRACIA ONDE O VOTO É OBRIGATÓRIO"
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