Petrobras deve decidir aumento dos combustíveis nesta sexta-feira


Um mês depois de sucessivos abalos nos mercados em virtude do embate entre a presidente da Petrobras, Graça Foster, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em torno da política de reajuste de combustíveis, o próximo impacto poderá vir dos tribunais. Começaram a chegar à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) as primeiras reclamações de acionistas minoritários sobre a inconsistência da proposta de aumentos periódicos nas refinarias, levada pela diretoria executiva ao Conselho de Administração da estatal, no fim de outubro.

O gesto da presidente da Petrobras, de informar seu pleito aos investidores e analistas, via CVM, irritou Mantega e poderá servir de base para contestações jurídicas. E a defesa a ser apresentada pelo controlador, a União, para a contenção dos preços dos combustíveis será a política monetária, em nome do interesse nacional.

As indefinições em torno do reajuste da gasolina levaram as ações da Petrobras a amargarem ontem mais quedas, limitando os ganhos da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa). Seus papéis ordinários (ON) recuaram 2,57% e os preferenciais (PN), 1,42%.

Hoje, Graça e Mantega, maior opositor da metodologia de precificação, por considerá-la inflacionária e estimuladora da indexação generalizada de preços no país, participam da reunião do conselho, presidido pelo ministro.

No encontro para dar resposta definitiva ao impasse, adiado por uma semana, também é esperado o anúncio da decisão do governo de realizar o último reajuste do ano. A expectativa é de aumento de 5% para gasolina e de até 10% para o diesel, para conter a elevada defasagem dos preços praticados no país em relação aos pagos nas importações dos produtos.
 
Riscos

Apesar das resistências de Mantega, a expectativa é de que a fórmula de reajuste seja adotada em 2014. Enquanto isso, a falta de previsibilidade do caixa da petroleira continuará alimentando a incerteza sobre sua capacidade de tocar importantes investimentos e, sobretudo, de conter a escalada de seu endividamento. Segue mantida a ameaça de rebaixamento da nota de crédito da estatal pelas agências internacionais.

Em reunião realizada na quarta-feira, Mantega e Graça tentaram encontrar um ponto de consenso diante das novas pressões geradas pela alta do dólar. Ontem, o ministro reuniu-se com a presidente Dilma Rousseff, para tratar do tema, na véspera da reunião do conselho. Amiga pessoal da executiva, a chefe do governo deu sinais contraditórios em relação ao assunto ao longo das últimas semanas.

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