A fatura pelos 26 dias parados da segunda maior greve bancária da história foi paga pelo consumidor. Em setembro, quando 90% das agências no país fecharam, o brasileiro que precisou tomar crédito acabou recorrendo a modalidades de empréstimo de acesso imediato, como o cheque especial e o cartão de crédito. Segundo o Banco Central (BC), o volume de financiamentos dessas duas operações foi recorde para o mês, chegando a R$ 22 bilhões, no caso dos cheques, e a R$ 131,6 bilhões, nos cartões.
Apesar de fáceis de acessar, essas linhas são também as mais caras para o cliente. Em setembro, a taxa de juros de quem atrasou a fatura do cartão e teve de recorrer ao rotativo foi, em média, de 192,9% ao ano, de acordo com dados da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac). No caso do cheque especial, segundo o BC, a mordida foi de 143,3% ao ano. “O que tem que ficar claro é que, em hipótese alguma, o consumidor deve ficar numa situação financeira em que, a qualquer imprevisto, tenha que recorrer a uma dessas linhas, porque, obviamente, ele vai acabar pagando muito mais caro”, pondera o doutor em economia Rodrigo Zeidan, professor de finanças da Fundação Dom Cabral.
O BC estima que uma parte considerável das operações de crédito no país foi prejudicada por conta da greve dos bancários, a maior desde 2004, quando a categoria cruzou os braços por 30 dias. É o caso dos empréstimos para a compra da casa própria, que despencaram 9,5% em setembro. Tombo maior foi verificado no crédito pessoal, com queda de 16%. Houve também uma curiosidade dos dados. Apesar do saldo das operações no cheque especial ter aumentado 4,3% no mês, houve uma queda das concessões de 0,8%.
Isso aconteceu porque quem já estava pendurado no cheque especial não conseguiu quitar o empréstimo já contraído, ficando ainda mais com a corda no pescoço. “Certamente as pessoas que iam quitar cheque especial não fizeram no mês de setembro. O aumento do saldo significa isso”, explicou o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.
Pior para o consumidor, que, sem alternativas de pegar empréstimos mais baratos, acabou engordando os ganhos das instituições financeiras. Só o Itaú Unibanco, o maior banco privado do país, reportou ontem lucro líquido contábil de R$ 3,9 bilhões no terceiro trimestre do ano, o maior da história.
Prejuízo ao bolso
Empréstimos cresceram mais em linhas de crédito mais caras (Em %)
Linha Variação Jurosao ano Saldo em R$ bi
4,3143,322
Cheque especial
1,3192,9131,6
Cartão de crédito (total)
2,826,5
Rotativo Não informado
2,410,7
Parcelado Não informado
0,894,3
À vista Não informado
124,3216,9
Consignado
0,740,4313,6
Crédito pessoal
-0,221,2193,5
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