Estreia nesta sexta o filme "Na Quadrada das Águas Perdidas".

Matheus Nachtergaele estrela o filme brasileiro que já recebeu diversos prêmiosFoto: polifilmes / Divulgação
Vêm de Pernambuco os filmes nacionais mais instigantes atualmente - o sucesso internacional de O Som ao Redor, de Kléber Mendonça Filho, e o recente Kikito de melhor longa brasileiro para Tatuagem, de Hilton Lacerda, são recentes reconhecimentos a essa vigorosa cinematografia.
Diferentemente desses títulos urbanos, porém, Na Quadrada das Águas Perdidas(2012) coloca novamente o sertão em cena - mas de uma maneira absolutamente inusitada.
O longa de estreia dos diretores pernambucanos Wagner Miranda e Marcos Carvalho levou 16 prêmios em festivais no Brasil e no Exterior e foi inteiramente rodado na caatinga.
Em cartaz a partir desta sexta-feira no Guion Center 3, Na Quadrada das Águas Perdidas tirou seu nome - e sua inspiração - do disco homônimo lançado em 1978 pelo mestre Elomar Figueira de Melo, responsável pela trilha sonora, ao lado do grupo Matingueiros e do cantor e compositor Geraldo Azevedo.
Sem diálogo algum, esse filme singular acompanha uma prosaica odisseia: o sertanejo Olegário (Matheus Nachtergaele), único personagem da trama, deixa sua casa humilde e solitária em uma carroça puxada por um jumento, a fim de trocar dois bodes por mantimentos em uma venda distante. Mas uma das rodas quebra no meio do caminho, obrigando o viajante a mudar seu trajeto - e assim viver uma aventura, na qual precisa lançar mão de sua sabedoria sertaneja para arranjar comida e bebida naquele habitat inóspito e enfrentar ameaças como o urubu que o persegue e espreita, a onça que ataca o acampamento, a cobra no meio do caminho e a assombração que surge na noite escura.
Na Quadrada das Águas Perdidas é, a um só tempo, uma espécie de manual de sobrevivência no sertão e um registro antropológico da vida catingueira, no qual a música bela e áspera e os barulhos da mata ocupam o lugar das falas. Absolutamente integrado a seu meio, o protagonista prescinde das palavras - no entanto, isso não o impede de rir, gritar, sonhar e maravilhar-se com a fauna, a flora e a paisagem que o cerca.
Fonte - Roger Lerina

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