Chegada do vigia Evandro Bezerra para o julgamento no Fórum Criminal de Guarulhos, na Grande SP, nesta segunda-feira (29)
Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo
O segundo dia do julgamento do vigia Evandro Bezerra da Silva, de 41
anos, será marcado por uma promessa dos advogados de defesa. Eles
prometeram apresentar uma testemunha que teria visto Mizael Bispo e
Mércia Nakashima juntos três dias depois da data que as investigações
apontam que ela foi morta. A vítima desapareceu em maio de 2010 e seu
corpo foi encontrado em uma represa, em Nazaré Paulista. Bezerra é
acusado de ajudar Mizael Bispo, condenado em março a 20 anos de prisão, a
assassinar a advogada.
Durante quase dez horas, o primeiro dia do júri teve depoimentos,
perguntas e discussões em Guarulhos, na Grande São Paulo. A defesa, que
prometia uma bomba capaz de mudar o rumo do julgamento, colocou em
dúvida a data da morte de Mércia Nakashima. Detalhe que poderia até
livrar Evandro Bezerra da Silva das acusações.
Um homem diz ter visto Mizael Bispo e Mércia juntos em 26 de maio de
2010, três dias depois da data em que as investigações apontam que ela
foi morta. Mas essa testemunha crucial não apareceu no primeiro dia do
julgamento e a defesa tentou adiar os trabalhos. O impasse resultou em
quase duas horas de atraso para o início do júri.
Um dos depoimentos foi de um engenheiro de telecomunicações. Eduardo
Amato Tolezani explicou como funcionam as antenas de telefonia celular
que captaram as ligações entre Evandro e Mizael no dia do assassinato. O
técnico falou que esses registros podem ter erros. A informação foi
usada pela defesa para tentar enfraquecer a acusação.
Um advogado da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que acompanhou o
interrogatório de Evandro, também depôs e falou que não houve violência
contra o réu. O vigia alega que confessou ter participado do assassinato
após sofrer tortura.
Todas as testemunhas foram liberadas para ir para casa. Menos um dos
parentes mais próximos da ex-namorada de Mizael Bispo. A juíza
determinou que o irmão de Mércia Nakashima, Márcio Nakashima, dormisse
em um hotel e ficasse incomunicável. Eles é uma das testemunhas de
acusação e deve ser ouvido nesta terça-feira (30).
A sessão terminou com desentendimentos entre advogados e o delegado que
investigou o assassinato. A defesa questionou Antônio de Olim sobre
informações e testemunhas que não foram investigadas e que poderiam ter
dado outro rumo para o inquérito.
A juíza chegou a chamar a atenção do delegado, que foi irônico em
alguns comentários. Enquanto isso, Evandro não esboçou nenhuma reação.
Apenas escutou os depoimentos. Ele nega ter participado do crime e diz
que apenas deu uma carona para Mizael.
Os parentes de Mércia acompanharam o julgamento. A mãe dela, Janete
Nakashima, diz temer que Evandro receba uma pena ainda menor que a de
Mizael, que em março foi condenado a 20 anos de prisão.
— 20 anos é ridículo pra quem vai daqui quatro, cinco, seis anos, não sei, ele pode estar na rua e fazendo tudo novamente.
Nesta terça-feira, o julgamento está marcado para começar às 9h com o
depoimento de Márcio Nakashima, irmão da vítima. Em seguida, estão
marcados os depoimentos das testemunhas de defesa. O julgamento só deve
terminar nesta quarta-feira (31).
Fonte - R7.com
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