RESIDENT EVIL 5: RETRIBUIÇÃO.

 Resident Evil 5: Retribuição

As adaptações de games para o cinema enfrentam uma longa história de fracassos, ao ponto de nem gamers nem cinéfilos levarem a sério essas produções hollywoodianas. Alguns casos, como o primeiro Resident Evil, são exceções, claro, apesar da série de Paul W. S. Anderson e sua esposa Milla Jovovich estar repleta de altos e baixos. E onde 'RE5: Retribuição' se encaixa nessa história? Bem, ele consegue ser o pior da franquia já feito até hoje.

A série das telonas nunca tentou seguir a história dos videogames à risca, mas elementos famosos como os mutantes, o vilão Wesker (Shawn Roberts), os irmãos Claire e Chris Redfield e Jill Valentine (Sienna Guillory) sempre estiveram presentes. O quarto filme abusa disso e, com sua boa narrativa, garantiu um lugar entre os preferidos dos fãs. Seguindo essa mesma lógica, no novo longa somos apresentados a Leon Scott Kennedy (Johann Urb) e Ada Wong (Bingbing Li), dois dos mais icônicos personagens dos consoles. Entretanto, não foi só isso que Anderson pegou de inspiração dos jogos. Ele também importou o sistema de “passar de fase”.
Isso mesmo, 'Resident Evil 5', mais do que seus antecessores, parece um videogame, com níveis diferentes a serem completados para alcançar um objetivo final protegido por um chefão. Como assim? Simples: para fugir de um complexo da Umbrella, Alice - que, no melhor estilo 'joguinho', ganha armadura e armas por acaso -, deve passar por diversas salas de simulação que recriam partes de Nova York, Moscou e um subúrbio norte-americano para chegar à saída. Só faltou mostrar a pontuação da personagem antes dos créditos.

Você já deve ter se tocado que a trama é simples e preguiçosa ao extremo: depois de ser capturada por Jill Valentine (quem se lembra do final do quarto filme já sabe como isso rolou), Alice passa a ser interrogada pela Umbrella Corporation – em uma das cenas mais irritantes da franquia. Até que, sem motivo aparente, a protagonista recebe ajuda para fugir de sua cela. Enquanto isso, um grupo de apoio comandado por Leon entra no complexo para encontrar a garota. A vilã da vez é a 'A.I.' maligna do primeiro filme, A Rainha Vermelha, que comanda zumbis e mutantes para recapturar a prisioneira.

Como o local é também uma fábrica de clones, não é dada muita desculpa ou explicação (claro, quem precisa disso?) para trazer de volta velhos conhecidos da galera, como Rain Ocampo (Michelle Rodriguez), Carlos Olivera (Oded Fehr) e James 'One' Shade (Colin Salmon). Apelar para a nostalgia dos fãs é uma boa tática, vamos admitir. Assim como criar laços entre personagens, como a tentativa (patética) de fazer o público simpatizar com uma menininha clone que acha que Alice é sua mãe. As cenas entre as duas ficam bem sem sentido, mas tudo bem, essa é a sensação geral mesmo.

Aí você deve estar se perguntando: 'ah, certeza que as cenas de ação compensam tudo'. É, amiguinho, não é bem assim, porque elas não são tudo isso também. O visual e os efeitos são bons, ainda mais em Imax 3D, mas a triste verdade é que a ação não empolga. Apesar de todo mundo já saber o que esperar da franquia, a falta de algo novo é um problema e, fora uma ou outra luta bem coreografada, o tiroteio eterno contra capangas da Umbrella chega a dar sono – nada perto do que vimos em 'RE4: Recomeço'. Decepcionante mesmo.

Se houve uma coisa que me deixou confuso e, ao mesmo tempo, empolgado com uma possível sequência foi a cena final. Não vou dar spoilers, porém, fica cada vez mais claro que Paul W. S. Anderson se aperfeiçoou na arte de criar ganchos intrigantes que atiçam a curiosidade dos fãs e, provavelmente, garantem a produção de mais um 'Resident Evil'. Fora isso, e a bela e onipresente trilha sonora, quase nada é aproveitável, nem mesmo a presença de personagens clássicos dos amados games da Capcom.

'Resident Evil 5: Retribuição' apela para recursos que deram certo em outros títulos da franquia, além de garotas armadas vestindo roupas coladas, para tentar funcionar de alguma forma. Resultado: uma salada mista monótona que faz os outros títulos da série parecerem infinitamente melhores do que são.

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